sábado, 28 de maio de 2016

Pessoa. O mais interessante dos seres

Conhecer pessoas define quem somos e para que viemos. Conhecer pessoas que nos veem como ser humano é ainda melhor. Outro dia, a caminho de volta para Brusque de Itajaí, conheci uma mulher. Sentamos na mesma poltrona da fileira esquerda do ônibus com assentos mais confortáveis dos quatro que conduz os alunos para a faculdade, pena que esse faz a linha das 22h30, último a sair, prefiro vir mais cedo.

A moça virou o pescoço para a direita, para a esquerda até me fitar. Perguntou como eu me sentia ao sentar ao seu lado. Começou com: "não entendo para que vim ao mundo, se ando só, moro só, no trabalho vivo só, não saio, nem bebo, apenas vivo só"

Me intrigou, afinal, pra quê ser só se somos nós quem inventamos as possibilidades?

Não entendi o porquê daquilo. Peguem fragmentos do diálogo:

- você não conhece ninguém aqui? que maldade, não?
- o mundo não é pra mim, moça, ele não gosta de mim.
- não diga isso, olhe, estamos conversando, estou lhe dando atenção, voluntariamente, inclusive.
- não, está com pena de mim e parou para me ouvir.
- logicamente não. Nunca te vi antes e você parece simpática.
- Que absurdo! Nunca mais repita isso.
- uau, que susto, nossa!
- olhe bem nos meus olhos e diga que você gosta de mim.
- (olhando).
- não, não assim.
- muito intimidador, tu diz?
- não, não sei!
- o quê não sabe?
- sozinha!
- pare! Isso me perturba, vamos mudar de assunto!
- não.
- quantas vezes vai repetir ‘não’?
- enquanto for necessário.
- me incomoda.
- então dá licença, vou seguir.
- não! capaz, fique! (nem tinha para onde ir mesmo)
- por quê?
- porque acabei de descobrir porque vives sozinha. É porque você quer!
- hãn?
- você gosta da solidão, te dá prazer, e se dá prazer, te dá sentido, e se dá sentido, faz sentido, afinal!
- louca!
- eu? tem certeza?
- sim, você! está me intimidando. Tá, olha, eu prefiro sozinha, sou bem melhor assim.
- tá bom.
- vou descer.
- eu também. a gente desce no fim da linha.
- é. e já chegamos! (foram os 50 minutos mais rápidos que já vi passar)
- tá.
- xau.
- xau.


Putzgrila! Me lembrei que esqueci de perguntar o nome dela. 


J.F.


domingo, 22 de maio de 2016

Quem disse, que repense!

Passou. A euforia passou. Agora posso falar.

Na semana que passou "quase" não suportei minha euforia, ansiedade e expectativa (sim, ainda não me curei desse mal). As memórias estão a mil, trazendo à tona fragmentos da Juliane dos anos 90, que dizia que nunca ia perder o medo. Que nunca perderia a vergonha nem a timidez. Que nunca deixaria certos traumas para lá e correria para o lado de cá. Diziam que o lado de cá era só para os fortes, para os bonitos e encorajados. Então, não era pra mim. Não mesmo!

Cheguei, perdi alguma coisa? Não. O que era meu estava guardado, reservado e lacrado. Só eu abriria, e abri. Olhar pra trás não faz muito bem pra mim, mas costumo dizer que minha história tem muito do que sou hoje e pouco de quem eu era quando estava lá, vivendo tudo o que vivi. Confuso, mas momentaneamente confortável.

Outra coisa que fiz nesta semana foi "desempoeirar" meus diários - oh!, que fase!. Lembrei de uma vez que perdi meu diário e um locutor da rádio que eu trabalhava em Roncador achou. Não me devolveu sem antes dar uma bisbilhotada. Não sei o tanto que ele leu, mas espero que tenha se arrependido da atitude. (Humf!). Lendo algumas páginas, relembrei do quanto eu era dramática, mas sempre silenciosa, guardava pra mim toda e qualquer mágoa, angústia, dor e euforia que sentia enquanto vivia em Roncador. Não me arrependo de nada, mas fiz muita coisa impensável. Por pura inocência. Venho dia a dia construindo minha história, dando meu toque a tudo que acredito ser verdadeiro.


Mas voltando à semana que acabou, meu 18 de maio de 2016 foi lindo. Quase não suportei. 










J.F.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

2.6




1.5, 1.6, 1.7, 1.8, 1.9 [...]

2.0. De repente você acorda. Decide pelo Jornalismo. Decide pelo social. Decide por humanas, num contexto geral. Diziam que eu era muito sensível, não tão crítica, mas, tanto faz, combinava comigo.

2.1. Decide que, talvez não. Não era exatamente assim que eu imaginava. Sim, vamos falar na 1ª pessoa todo o tempo.

2.2. É melhor rever. Quero contribuir de alguma forma, acho que posso dar conta do Jornalismo.

2.3. Universo conspira pelo melhor. Pelo melhor de mim. A caminho.

2.4. Universo conspira para o criativo. Encaminha de volta à academia. Encaminha à publicidade.

2.5. Mas, não é lá. Não era para ser lá. Por quê fui? Recuo. Permaneço. Insisto. Não há felicidade. Não há equilíbrio com nada. As horas passam. Perder tempo não é pra mim, nem para “você”. Te abandono. Sim, você também me abandona. Obrigada. Obrigada pela liberdade. Impagável. Inenarrável. Incomensurável.

2.5/. É? Sim! Vá! Mesmo? Mesmo!

2.6. A gente finalmente se encontra. Te materializo, te humanizo, te vivo. Estamos juntos, caminhei tanto pra chegar até “você”. Te aceito como se sempre fosse meu, mas só que nunca me pertenceu. Me esperou, te encontrei, como demorou. Cuido, alimento, protejo, e, consequentemente, protejo tudo o que te caracteriza à minha volta.

Onde estive todo esse tempo que não junto de “você”? Quem compreende nossa profunda intimidade? Como pude ser eu mesma não estando junto daquilo que mais me faz feliz? Por quê aceitei você tão tardiamente? Chega de interrogação. A gente está junto agora. Que bom. Como me sinto leve, plena, feliz, feliz. Feliz. Pode ser só feliz até o último instante?

Que me desculpe tudo o que de melhor já me aconteceu até aqui, mas é a faculdade de Jornalismo que reacendeu o melhor que havia escondido em algum lugar dentro da Juliane que nem eu conhecia até o começo deste ano. Pontos, vírgulas, parênteses, aspas...tudo agora faz mais sentido, com autonomia e minha assinatura. Graças a Deus!

Obrigada, Jornalismo. Jamais te abandonarei. Obrigada por ser o meu melhor presente de aniversário. Feliz 2.6.

(Trilha sonora: Norah Jones - All A Dream).



segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O Papai Noel que era Papai Noel de verdade

Certo dia recebi a missão de entrevistar um Papai Noel, daqueles legítimos, com barba própria e carro também, sim, ele era independente e não possuía renas!
Já nos momentos finais da minha preparação chegou a hora de ir pra casa dele. Duas voltas no bairro até encontrar sua rua, tão discreta que fácil foi passar direto por ela sem entrar ali...a-l-í.
Bem, vamos tentar de novo, mas sei que entra numa dessas transversais da Otto Renaux...
- Senhora, onde fica a Rua Evilársio Gevaerd?
- A primeira à esquerda, moça!
- Ah! Eu sabia...
E então meu cinegrafista e eu entramos na, estreitíssima, Evilásio Gevaerd e finalmente encontramos sua residência.
-Mas olha só, lá está aquele carro que ele usa no Natal! Ué, cadê ele?

                                     -Ho-ho-ho! Esperem aí fora, o cachorro é bravo!
Olha, sempre falam “Pode entrar que o cachorro não é bravo”, ele já avisou que o dele era!

Entramos, fomos admirando sua residência, vendo traços de que ali morava um Papai Noel de verdade, dava de ver nos detalhes da casa, tinha relógios gigantes na parede, neste momento descobri que ele também trabalhava com conserto de relógios! (A gente pode fazer duas matérias, né? Nem pensar, Juliane, hoje é só essa!).

O cinegrafista preparou o tripé, a câmera, o microfone, se posicionou num lugar que a luz que vinha de fora não nos desfavorecesse, eu ajeitei a gente no sofá, e começou nossa entrevista. Começou como uma entrevista, eu fui conversando, fui lembrando da infância, fui me remetendo aos meus antigos natais, onde, literalmente eu esperava o ano inteiro pela minha boneca. Mas tinha que ser dada pelo Papai Noel, se não que graça teria?
- Papai Noel, mas como o senhor se chama?
- Pingo!
- Hãn...
- Meu nome é Rubens Seyferth.
- Como?
- Rubens Seyferth.
- O senhor tem um sobrenome difícil.
- Não, é bem facinho, só escrever S-E-Y-F-E-R-T-H.
O Papai-Noel riu. E eu ri também, depois!

A gente ia se emocionando junto conforme a conversa tomava rumos nostálgicos e o cinegrafista já sinalizava que tínhamos que ir finalizando a entrevista, pois o tempo estava se esgotando. Aliás, essa história de tempo limite em entrevista que a gente viaja junto com o entrevistado é sacanagem, né? Dá vontade de ignorar o cinegrafista, mas depois ele me pega, (risos)!

A gente finalizou a entrevista, nos despedimos e fomos embora! Fui falando dele no caminho, e da minha emoção em entrevistar o Papai Noel.
Dias após isso, encontramos seu Pingo no Shopping Gracher, fazendo a alegria das crianças.
- Será que ele vai se lembrar de mim?
Veio em minha direção, e me deu um monte de bala...
-Poxa, eu estou me sentindo muito feliz, acabei de ganhar bala do Papai Noel, e...será que ele deixa eu fazer uma foto com ele?”
Fiquei tímida e fugi, sem fazer a foto. (eu ri sozinha aqui na sala agora se lembrando disso!).

Sábado, 22 de novembro de 2014

Hoje é sábado, fui para a rádio, apresentamos o Jornal, hoje está um dia cinza pela manhã, tempo nublado. Cumpri meus afazeres, a tarde fui no meu projeto da faculdade com os Bombeiros e a noite fiquei em casa. Certo momento, vagando pela internet, me deparo com uma foto do Papai Noel Pingo. Sem ler a legenda, automaticamente me veio à mente que, de fato, já estamos no natal, e que Seu Pingo já está se preparando para viver seus dias mais esperados do ano.
Deixa eu ver o que está escrito aqui...

                                               -Descanse em paz, Papai Noel, vamos sentir saudades”.

 Foto: Divulgação Facebook


Oi? Oi? Que história é essa? E o natal das crianças? O Papai Noel do Shopping Gracher? E os dias mais iluminados do Seu Pingo, como fica? Gente, é natal e o Seu Pingo morreu?
Levanto da cadeira, dou meia volta, não entendendo o porquê daquilo...
Caio na realidade, mas demoro em aceitar. Pego o telefone, ligo pra Central Funerária e tenho a confirmação. Faço 30 perguntas para o operador e ele só vai confirmando o que eu torcia para não ser verdade...sim, estavam mesmo falando da mesma pessoa que eu não queria que partisse, nunca!

Parece pouco, mas foram 70 anos sendo Rubens, quase uma vida sendo Pingo, mas o coração foi e sempre será do Papai Noel, o mais doce, verdadeiro e brincalhão – Pingo!

Então só me resta o conformismo e deixar aqui meus mais sinceros e profundos votos de sentimentos à família, amigos e, permitam-me à ousadia, também às crianças que acreditam na magia do Natal - como eu!


“Foi pouco tempo, mas valeu...vivi cada segundo”.






J.F.





sexta-feira, 26 de julho de 2013

Pai e mãe em dobro

26 de julho...dia da Vó e do vô...

"Saudade, palavra triste quando se perde um grande amor. Na estrada longa da vida, eu vou chorando a minha dor♫♫..."

Assim defino o que me leva ao encontro com meu avô quando me pego pensando nele..quando chegam as datas comemorativas que me remetem ao meu avô, é sempre um momento triste. Uma morte que chegou do nada, o fez chorar de dor, fez sofrer até o último segundo..e inacreditavelmente o levou..
São momentos como este que me faz pensar "POR QUÊ?"
Por quê pessoas boas que plantaram apenas coisas graciosas, que distribuíram tudo que tinham aos que eram desfavorecidos, sofrem?
Meu avô parava os carros na beira da estrada para distribuir sacos de frutas, como laranjas doces e poncâns porque ele já tinha em abundância no sitio dele...distribuía melancias, abóboras, milhos e pepinos para os motoristas, amigos e familiares pois qualquer pezinho que ele plantava, os frutos eram em excesso...se meu vô jogasse uma semente de feijão em qualquer canto, ela brotava, crescia e alimentava um almoço e duas jantas!...Para poder não perder a hora para ir para a escola, há 10 km de casa a pé, era melhor dormir na casa da vó. Lá, logo às 5h nos 820 Khz da Rádio princesa AM, Everybody wants to rule the worlds já embalavam os primeiros cacarejos do galo que acordavam os sonolentos sitiantes da comunidade do jararaca, em Roncador PR. Embora eu nunca conseguisse dar bom dia ao meu avô pois, horas dessas ele já se encontrava longe levantando uma cerca, puxando um arame, carpindo um canteiro, ou tratando dos bichos (minha parte predileta por anos).

Enfim, me pergunto, onde está escrito que essas pessoas que amamos precisam ir embora daqui:? não estão incomodando ninguém, nem fazendo mal, muito pelo contrário. Devolvam meu vô, por favor...não precisa me dar mais nada, apenas devolvam meu vô. Mas a vida é feita de encontros e despedidas, mesmo que, na maioria das vezes, contrárias as nossas vontades.

Vó...hoje é seu dia...Te amo..obrigada por ter casado com o Sr. Pedro Ferreira, ter dado à luz à minha mãe, e ela ter me presenteado com um avô tão pai que eu nunca tive...Sem mais!





Juli's




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sábado, 6 de julho de 2013

Dente do siso, para quê te quero?


DENTE DO SISO..........




Ah, para meu, qual a graça desses tais dentes do siso?
Meu primeiro dentinho do INDEsiso nasceu quando eu tinha meus 18 anos..tão bonitinho, não doeu nem me incomodou!
Porém, agora aos 23 vem o segundo do meu arco dentário inferior!
Doeu tanto que a impressão que eu tive, era de que o dente vinha nascendo destruindo toda e qualquer estrutura que o protegia....Não tem problema, se for para me dar mais juízo, caso contrário, abrirei um processo contra esse infeliz kkkkkkkkkkk!


Juli's




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quinta-feira, 27 de junho de 2013

Para quê ter filhos?

...Se é para mal trata-los perante as pessoas na rua?

Não há nada nesse mundo que me arranque mais a atenção e revolta do que ouvir choros e gritos de criança em locais públicos..
saio logo procurando a fonte do "grito inocente"..Me sufoca, me agonizo, preciso saber o que a faz chorar..
e na maioria das vezes, é por puro desleixo e irresponsabilidade da mãe...
Tenho vontade de ir até ela e gritar junto com a criança...isso mesmo..."Oooh, ele só quer tua atenção".

Em Brusque, vejo casos de mães andando na rua com os filhos, ela a passos largos e ligeiros, o pequeno ser tenta acompanhar, mas como seus passinhos são mais curtos, ele corre...dois passos da mãe é uma boa extensão de corrida do filho.

Ora, me pergunto, o que faz um ser humano ter um filho e não ter paciência de compreendê-lo? É preciso ter harmonia com o filho...uma boa mãe NÃO nasce sabendo ser mãe, ela se torna mãe e nasce SIM no dia em que dá a luz...

Se seu filho não está te respeitando na rua, é porque tu não fosse a mãe que ela precisou em casa. É serio. Qual o filho que é mal educado na rua se tem uma boa convivência com os pais dentro de um lar? dentro daquele lugar que ele jamais pode por o pé para fora se não foi ensinado como se viver fora dele?

Certas mães e pais me dão preguiça.





Juli's



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